O financiamento climático global enfrenta um paradoxo crítico: enquanto os recursos disponíveis alcançaram níveis recordes de USD 1,46 trilhão em 2022, o gap entre o necessário e o disponível continua crescendo. A COP29 estabeleceu uma meta de USD 300 bilhões anuais até 2035, mas especialistas concordam que é necessário mobilizar USD 1,3 trilhão por ano para atender adequadamente as necessidades de mitigação e adaptação dos países mais vulneráveis. Mesmo assim, falar sobre a quantidade de recurso ofusca a necessidade de tratar de sua qualidade e aplicabilidade. A convergência de 2025 representa um momento decisivo para o financiamento climático global.

O caminho para a descarbonização da indústria pesada global permanece um dos grandes desafios não resolvidos da política climática internacional. A COP29, apesar das expectativas, revelou-se tímida na mobilização de financiamento climático em escala compatível com os compromissos do Acordo de Paris, especialmente no que tange às demandas dos países em desenvolvimento por instrumentos de de-risking e soluções concretas de transição industrial justa. Diante desse cenário, a COP30, sediada no Brasil, surge como uma oportunidade crítica para reposicionar o debate: não apenas como um impasse diplomático, mas como um terreno fértil para articular inovação institucional, financiamento climático e ação coordenada entre setores público e privado.

O pano de fundo brasileiro — com o avanço de instrumentos como o Fundo Clima e as discussões sobre o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões — oferece um laboratório real para discutir caminhos viáveis de blended finance aplicados à descarbonização industrial. O uso inteligente de garantias, fundos subordinados, contratos de diferenciação e incentivos regulatórios pode destravar fluxos financeiros, escalar soluções tecnológicas e atrair capital privado para setores tradicionalmente considerados “difíceis de abater”, como cimento, aço, vidro e papel. Esse painel busca, portanto, colocar em diálogo atores-chave que podem transformar a COP30 em um marco não só diplomático, mas operacional.

Objetivo geral:

Promover o debate sobre estratégias de de-risking e blended finance voltadas à descarbonização da indústria em países em desenvolvimento, com foco na mobilização de recursos do financiamento climático e no redesenho de instrumentos públicos como o Fundo Clima.

Objetivos específicos:

Identificar barreiras reais percebidas ao investimento em tecnologias industriais de baixo carbono no Sul Global.

Discutir mecanismos financeiros inovadores, como garantias climáticas e fundos de co-investimento, para acelerar a implementação de projetos industriais sustentáveis.